Lilypie Kids birthday Ticker
Lilypie 1st Birthday Ticker

quinta-feira, novembro 16

As saudades que eu já tinha...

Na semana passada fui a Lisboa. Ok, eu sei que isto, alem de ser normal para muita gente e de ser uma afirmação assim a puxar para o saloio, não traz nada de novo nem de interessante. A não ser que... algo de estranho se tenha passado (pronto, acho que já despertei a atenção, pelo menos de um ou outro). Só que, azar dos azares, desta vez nem isso se passou.

Durante muitos anos, fui todos os dias para Lisboa. Primeiro em estudo (não é visita de estudo, andava lá a estudar, portanto), depois em trabalho (e trabalhava lá mesmo!) Adorava Lisboa. Amava Lisboa. Adorava perder-me naquela Baixa Pombalina, ver os alfacinhas, o homem estátua, os tipos do equador, o fumo das castanhas, o Bairro Alto, Santos, tudo me cativava. Estava tão apaixonado por Lisboa que cada vez que entrava de férias, vinha para a parte de trás do barco só para me despedir dela. Não havia choros nem abraços mas por uma ou duas vezes, ás 6 da manhã, ainda tiveram que me arrancar de uma coluna, que estava lá, naquele Cais das Colunas que agora ninguem sabe onde anda. Gostava mesmo daquilo.

Depois, e já há 7 anos, vim trabalhar para ao pé de casa. Sim, levanto-me mais tarde e chego a casa mais cedo. Sim, eu vou almoçar a casa, mas a minha relação com Lisboa perdeu-se, acabou, desapareceu no nevoeiro frio em que a fui encontrar na semana passada. E desculpem aqueles que agora amam Lisboa, mas a senhora desiludiu-me.

Tive que ir a Lisboa. E decidi fazer uma coisa que desde a minha despedida de solteiro que não fazia. Fui a Lisboa de transportes publicos. Apanhei o barquito (muito mais novos e modernos) depois o metro e lá fui eu, a Picoas. No regresso decidi sair nos Restauradores. Pensei que queria matar saudades daquela correria, daquele lufa lufa, daquela estação de comboios cheia de gente, onde eu entrava e saía quando ía a casa dos meus primos em Massamá. Qual quê!! Está muito bonita, lavadinha, parece nova. Tão nova que ainda estão a acabar por dentro. Está fechada. Não faz mal, ainda nos sobra o Rossio. Não, pensando melhor, não parece que valha a pena. Vamos para a Rua Augusta, ver aqueles grandes armazéns, as grandes marcas de roupa, o pessoal do Interpass (será que ainda se vão meter comigo como faziam dantes?). Não, hoje não estão cá. Nem as lojas. Apenas algumas lojinhas, engraçaditas e pequeninas (até está lá uma de Tatuagens). Nem pessoas se vêm. Não é cedo, São 11 horas, mas onde pára tanta gente? Encontro uma pessoa amiga, que trabalha ali que me diz: "Amigo, Lisboa já não é o que era, os centros comerciais deram cabo disto". E eu respondo: "mas isto para mim era o melhor centro comercial da Europa, e ao ar livre". Nada feito. Lisboa tinha mudado. E para mim, estava muito diferente. Acelerei o passo, liguei ao chefe e disse-lhe que combinasse os almoços do pessoal, que eu estava a caminho.

Brevemente tenho que lá voltar. Vou realizar um sonho de infância e algo que os meus pais faziam comigo: Vou com a mulher e o filho ver as iluminações de Natal. Se Lisboa me voltar a trair, tão cedo não volto lá de transportes. Nem que seja só para me despachar, fazer o que tenho a fazer e ir-me embora.

As saudades que eu tinha daquela Lisboa que amei. Que pena que ela já não volta mais.