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terça-feira, setembro 6

Só para falar mal? Não! É mau feitio mesmo!

Algumas pessoas que eu conheço perguntam-me: "Então tu tens um blog? E é para quê? Para poderes falar mal dos outros?" E eu respondo: "Falar mal? Eu? Não! É mau feitio mesmo!".

Confesso que nunca me julguei melhor que ninguém. Sinceramente, não me parece que as minhas habilitações literárias, a minha cor da pele ou a minha área de residência sejam importantes para definirem a "categoria" do meu ser. Mas claro está que como tudo na vida, esta forma de pensar tem o reverso da medalha. Que é achar que os outros também não são melhores do que eu. Acho que tudo na vida é uma questão de oportunidade. E aí está a diferença. Cada um tem as suas oportunidades e só depende de cada um aproveitá-las ou não. Estou errado? Talvez. Não me acho melhor que ninguém para me considerar o dono da verdade.

Talvez por pensar assim muita coisa me faz confusão. Talvez por ter vivido sózinho durante 12 anos (sim, Doze) aprendi a ver as coisas de uma maneira muito própria e por vezes um bocado egoista e despegada. Talvez por durante doze anos ter aprendido que nesta vida nós podemos contar apenas com nós próprios para aprendermos a ultrapassar as adversidades que a vida nos traz diariamente.

Se calhar estão a pensar que eu sou o tal eremita que decidiu ir viver sozinho para a Serra da Arrábida. Não. Apesar de morar no mesmo distrito decidi apenas que iria viver a minha vida o melhor que pudesse e soubesse. Decidi ficar por minha conta e risco a fazer sabe Deus o quê, em vez de regressar às origens para fazer sabe Deus o quê. E por isso decidi ficar. Senti que podia ser a minha oportunidade. Claro que na altura nunca me passou pela cabeça as dificuldades que teria que enfrentar, e passar. Mas se calhar é por isso que hoje em dia dou tanto valor ao que tenho.

E não me arrependo. Se me marcaram esses 12 anos? Sem duvida. Quem me conhece sabe que sim. Durante 12 anos muita coisa acontece. Muita coisa se diz, muita coisa se faz e acima de tudo, muita coisa se sonha. Ri-se muito, chora-se muito, vive-se muito. Muitos olás, muitas despedidas, amigos que se afastaram, amigos que chegaram, amigos que morreram e amigos que nasceram. Mas acho que o pior de tudo e aquilo que mais custa é que só nos magoa quem nós deixamos. E normalmente são aqueles de quem mais gostamos. E isso, nem 12 anos vezes 12 anos vezes 12 anos me irão ensinar a ultrapassar.

Faz-me confusão a mentira, os enredos, pessoas falsas, os jogos, as teias e todas essas coisinhas em que nós, portugueses somos eximios. Cada um é o que é e não vale nem mais nem menos por isso. É assim tão dificil compreender? É assim tão dificil compreenderem ao fim de tanto tempo? Nem 12 anos chegaram? Resta-me a mágoa. Uma mágoa enorme e um sentimento de abandono, esquecimento e por vezes de desprezo.

Agora já não estou sozinho. Tenho uma "cara metade" que foi a melhor coisa (e a mais linda) que me aconteceu na vida e mais "um terço" a caminho (que será a segunda melhor). Dou Graças a Deus aquilo que Ele me deu. Mas também Lhe peço para me manter vivos na memória "aqueles 12 anos". Pois eles também são uma parte de mim.

Se estou errado? Talvez. Se sou lamechas? Não. Apenas não tenho medo de Amar. Acho apenas que a vida é aquilo que nós fazemos dela. E apesar de tudo o que se passou durante "aqueles 12 anos" eu orgulho-me do que fiz da minha. E não a troco por nada, acreditem, mesmo nada neste mundo. Como disse Epicteto "Um homem sábio é aquele que não se entristece com as coisas que não tem, mas rejubila com as que tem." E ao menos essa sabedoria consegui aprender em 12 anos.

Desculpem o longo "desabafo" mas este blog também é estados de espirito! E sinceramente começo a ficar um bocado cansado de ver muita gente a considerar-se melhor do que os outros e a quererem fazer-me sentir que os outros são melhores do que eu.