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sexta-feira, outubro 27

Orgulho em ser... Alentejano!

Não sou, mas devia. Fui para lá pequenino e vim-me embora mais tarde. Também não devia. É daqueles sitios que quando estamos algum tempo sem lá ir, sente-se uma falta enorme. Um bocado aquela sensação do emigrante em relação ao país de origem. E até a minha esposa que não é de lá me diz de vez em quando: "Ando com uma saudade de ir ao Alentejo!". Quem sabe, quando vier a idade da reforma, se não volto para lá, para aquele Monte Alentejano, de casas caiadas, com as umbreiras das portas e das janelas em amarelo que me ocupa uma parte dos meus sonhos. Com uma azinheira enorme, a fazer sombra sobre a casota do cão, pachorrento como o sol da manhã a bater no orvalho. Pachorrento como só o Alentejo sabe ser. Calmo, belo, tranquilo.

Sim, eu sei que é muita nostalgia mas deve ter a ver com o jantar. Uns amigos meus (na verdade são meus clientes mas nós, os Alentejanos, somos todos amigos) abriram um Restaurante em que só vendem produtos alentejanos. Desde o queijinho, o vinho, as entradas (linguiça assada e carne do alguidar), a Sopa de Cação e as Plumas de Porco Preto com Migas de Batata, o Doce Conventual e o Licor de Bolota e até o café (Delta, de Campo Maior, pois então), tudo me fez lembrar a minha linda cidade de Évora. Até a simpatia do dono, alentejano de corpo e alma, que nos contava algumas histórias da sua infância passada nas terras alentejanas, junto á fronteira espanhola, com aquele sotaque que parece que canta enquanto fala.

Acabei de jantar. Senti-me invulgarmente satisfeito. Não aquela satisfação de quem come bem mas aquela satisfação de quem se sente satisfeito. Por dentro e por fora. Mas com uma saudade enorme do meu Alentejo. Muitas vezes recordo as minhas viagens de comboio quando era estudante em que, com calma apreciava aquela paisagem unica. Se era Primavera, os campos estavam lindos de verde. No Verão estavam amarelinhos, quase vermelhos com as azinheiras de folha verde a fazerem um contraste digno de um quadro de Van Gogh. No Outono o Alentejo ficava castanho e no Inverno voltava a ganhar vida e por vezes até brilhava, de manhã cedinho com gotas de orvalho de mil cores diferentes. Agora detesto as auto-estradas que nos fazem ir ao Alentejo a correr, sem tempo para observar tudo isto. E até as águias que já voltaram a encher os céus alentejanos passam muitas vezes despercebidas.

Depois olho em volta, para este emaranhado de prédios e de confusão a que se chama "Zona Metropolitana de Lisboa e Vale do Tejo" e penso mas que raio aqui ando eu a fazer??? Eu sei, casei com uma rapariga daqui e por cá fiquei e vou ficando. Talvez quando vier a idade da reforma, quem sabe. Mas para já tenho sede, muita sede. Sede do meu Alentejo. Hoje é sexta-feira. Este fim de semana vou matar saudades. Beber daquela calma, respirar o seu sossego. Como nós por cá costumamos dizer: "Recarregar baterias!"